O tema deste mês será o livro “LiftOff” escrito por Eric Berger em 2021. Eric é escritor, tem MBA na Universidade de Nova York e trabalha a vários anos nas indústrias de mídia, comunicação e entretenimento. No livro, Eric, que é muito próximo do empresário bilionário Elon Musk, conta as histórias dos primeiros dias da companhia SpaceX, hoje em dia extremamente estabelecida e robusta, vista por muitos como uma das empresas mais inovadoras do mundo, e a primeira empresa aeroespacial a desenvolver capacidade de enviar seres humanos para o espaço.
Diferentemente do cenário de certeza, solidez e grandes promessas atual, a companhia começou com várias dificuldades, e o autor busca mostrar como foi possível superar tantas adversidades através do empenho dos trabalhadores e da atuação crítica do CEO Elon Musk, uma verdadeira aula de empreendedorismo, inovação e criação de cultura empresarial de esforço, dedicação e recompensa.
A história é muito famosa de que, no início a SpaceX tinha somente dinheiro para três tentativas de voar seus foguetes e, caso não conseguisse sucesso, o dinheiro investido por Musk acabaria e o sonho morreria. Os engenheiros trabalhavam arduamente no início, uma vez que desenvolver um foguete não é nenhuma tarefa fácil, e ainda encontravam a dificuldade imposta por não estarem em uma instituição governamental, com seu dinheiro “infinito” e contatos também vastos. Devido a problemas, a base de lançamento da empresa foi estabelecida no meio do oceano pacifico e os engenheiros tinham que viajar várias vezes, ficando longe de suas famílias e em situações não tão confortáveis quanto nas grandes cidades americanas às quais estavam acostumados. Vários outros desafios ainda existiam, os salários na empresa eram abaixo dos do mercado, as horas exigidas eram muito superiores e a pressão era gigantescamente maior. Isso levaria qualquer um a pensar que a empresa encontraria alta dificuldade de contratar funcionários, mas foi exatamente o contrário.
Mesmo no início, todos os grandes e melhores engenheiros queriam trabalhar na SpaceX, e não em empresas consolidadas como Boeing ou instituições como a NASA. Foi inclusive feita uma pesquisa, por um professor universitário, sobre onde estavam as melhores mentes de engenharia aeroespacial dos EUA e os resultados foram surpreendentes: basicamente todos estavam na SpaceX. Mas por que isso?
Sem dúvida, um dos principais motivos foi a figura de Elon Musk e sua personalidade. Primeiramente, o ambiente na empresa era muito melhor, os empregados tinham mais autonomia e se envolviam mais com projetos que tinham sentido. Enquanto engenheiros cuidavam de minúsculas peças na NASA, e tinham que passar por extensos processos burocráticos para conseguir mudar qualquer coisa, na SpaceX todos mexiam com projetos extremamente importantes, a todos os instantes, e tinham autonomia e confiança para fazer quaisquer mudanças que julgassem necessárias. Esse ambiente inspira grandes líderes, grandes mentes, pessoas que querem fazer a diferença, que querem produzir resultados, e era justamente para a SpaceX que essas pessoas iam.
Outro fator muito importante, mas ainda ligado à personalidade de Musk, é a sua dedicação àquilo, o tanto que ele acredita no projeto. Os relatos são vários do empresário trabalhando 80-90 horas por semana, dormindo na própria fábrica. Os empregados reparam nisso, e tem obviamente a tendência de se esforçar mais ao ver que seus líderes estão também se esforçando mais. Como diriam grandes filósofos “Lidere pelo exemplo”. Musk ainda tinha grande capacidade de entender das diversas partes do negócio, e então conseguia ter discussões profundas sobre todos os aspectos, o que motivava os empregados ainda mais a desenvolverem as melhores inovações e peças possíveis.
Dessa forma, assim aconteceu, a SpaceX fez os três lançamentos para os quais tinha caixa e, mesmo assim, não foi feliz em nenhum. O que colocou a empresa então em uma situação que definiria para sempre a sua história. Musk, acreditando em seus empregados, fez um último investimento com todo o dinheiro que tinha sobrando. E aqui, novamente, fica o ensinamento para os empreendedores: se você não confia na sua empresa, ninguém mais vai.
Após tal situação, é óbvio imaginar a reação dos próprios funcionários, que vestiram para sempre a camisa da empresa e trabalharam ainda mais para conseguir fazer o lançamento em sua única chance restante. A situação fica ainda mais memorável quando se considera que, ao mesmo tempo, Musk estava tendo problemas em sua outra empresa, Tesla, que também não conseguia se manter de pé, além de ter acabado de se divorciar em um casamento com filhos.
A lição principal do livro, e a que fica, é exatamente os ensinamentos de um dos empreendedores que mais sabe criar uma cultura de empresa na qual os funcionários se dedicam e dão o máximo de si, uma cultura na qual eles se sentem donos, cuidam bem dos produtos e dos clientes, e uma cultura que difere para sempre uma empresa da outra, que a coloca certamente na rota de sucesso: empresas são feitas de pessoas, e se a liderança da empresa consegue inspirar tais pessoas a darem o seu melhor dia após dia, a empresa não tem outro resultado se não o sucesso. E as formas para que isso aconteça, são: exemplo, confiança, dedicação.
O livro é também rico em detalhes, em acontecimentos específicos e em ensinamentos valiosos para qualquer um que queira empreender em algum momento da vida.