Dizer que o mercado de startups é promissor já é algo, no mínimo, ultrapassado. Esse é um mercado superaquecido, com promessas reais de retorno tanto para empreendedores quanto investidores. Perceba que até agosto de 2021 o Brasil já havia contabilizado 20 startups unicórnios — aquelas que atingiram a casa de 1 bilhão de dólares em valor de mercado — e cerca de U$S 5,6 bilhões haviam sido investidos nas startups brasileiras. Isso é bem mais que promissor.
Ainda assim, mesmo que as startups tenham um gigantesco potencial de crescimento, nada acontece da noite para o dia e, além de tudo, há um alto risco envolvido nesse processo, afinal de contas startups são empresas nascentes que estão em constante validação.
Mas, principalmente para as pessoas que buscam diversificar sua carteira de investimento, por exemplo, ou que simplesmente querem investir nas próximas big techs do amanhã, é importante entender que essa não é uma jornada solitária. O ecossistema de inovação e startups brasileiro vem se fortalecendo cada vez mais, não só internamente mas também perante o mercado exterior.
Então saiba que se você pretende investir em startups, é possível entrar para esse mercado por diversas vias, cada qual com suas particularidades, mas, de toda forma, sempre há maneiras de apoiar essas empresas inovadoras.
A dinâmica de evolução de uma startup
As startups são organizações que não seguem os padrões de empresas tradicionais. Sempre com uma dor de mercado a ser resolvida e com soluções tecnológicas e inovadoras, elas estão comandando o mercado, desde habitação até o agronegócio.
Por isso, antes de investir altos valores, é preciso compreender a dinâmica de desenvolvimento dessas empresas nascentes, já que cada etapa de vida de uma startup é alavancada por diferentes tipos de investimentos.
Vamos a um exemplo prático: quando um empreendedor começa a pensar em criar uma startup, ele só tem ali a ideia do negócio. Por isso, ele precisa de pessoas para ajudá-lo a dar os primeiros passos. Nesse estágio inicial, o empreendedor pode buscar por aceleradoras ou venture builders, por exemplo, que são organizações que vão ajudá-lo a pôr as atividades em jogo. (Falarei sobre essas organizações abaixo.)
Quando a startup começa a engrenar, já tendo seus processos bem-definidos e validados, ela precisa continuar buscando capital para crescer. Para isso, ela vai atrás de investimentos-anjo e/ou os investimentos seed (semente).
Já num estágio de maturidade mais avançado, a startup continua em busca de aportes para expandir suas operações, seja para adquirir novas tecnologias, criar novas sedes ou para entrar no mercado exterior, por exemplo. A partir desse ponto, começam as rodadas de investimento A, B, C, geralmente feitas por pessoas jurídicas com alto valor de investimento.
Depois disso, com a startup se transformando em uma empresa consolidada, os fundadores têm alguns caminhos a seguir, seja com a entrada da empresa na Bolsa de Valores, com a venda da startup para uma outra companhia maior ou a fusão estratégica.
Entendendo onde investir
Como você pôde perceber, as startups promissoras seguem um movimento linear de crescimento, passando por diversas etapas. Por esse motivo, quando um investidor decide investir em uma startup, é interessante que ele entenda em qual estágio o negócio se encontra para que possa compreender também todos os riscos inerentes ao investimento.
Investir no início do negócio, quando a startup ainda nem chegou ao ponto de as receitas superarem os custos, com certeza, é mais arriscado do que quando o negócio já está nas rodadas de investimento série A ou B, por exemplo.
De toda forma, investir em startups por si só é algo burocrático em comparação a outros ativos. Por isso é importante contar com parceiros experientes nesse processo, garantindo segurança para os investidores e liberdade na tomada de decisão para os empreendedores.
Na prática, estas são as principais formas de investir em startups:
1. Aceleradoras
As aceleradoras focam em startups de estágio inicial, nas quais os empreendedores ainda precisam aperfeiçoar as ideias, formalizar o negócio e validar as hipóteses no mercado. Caso você decida investir nesta etapa, você ajudará uma ou mais startups a saírem do zero.
Um ponto importante é que o valor investido vai para a aceleradora, que, juntamente a você, decidirá para qual projeto o valor será destinado, criando o seu portfólio de startups. Além de retornos financeiros, você ainda garante uma aprendizagem ampla sobre o ecossistema, além de fazer muito networking, importantíssimo para quem quer entrar para o mercado de inovação.
2. Venture Builders
Com uma abordagem um pouco diferenciada das aceleradoras, as venture builders também atuam no desenvolvimento de startups em estágio inicial, mas com a diferença de que, na grande maioria, as startups selecionadas já passaram pela fase de validação das hipóteses no mercado.
Outro diferencial é que as venture builders fazem um trabalho mais prático e direto, oferecendo mais recursos — financeiros, pessoais e tecnológicos — e lidando com toda a parte burocrática/estratégica da startup — RH, contabilidade, marketing, vendas, jurídico etc. —, enquanto os empreendedores focam na solução.
Esse é um modelo realmente interessante para quem quer investir em inovação, isso porque grandes empresas estão intensificando suas parcerias com startups, e o corporate venture building (uma ramificação do venture builder voltada especificamente para empresas) é uma grande oportunidade para essas corporações alcançarem o crescimento exponencial.
Além do mais, como as venture builders — e também as corporate venture builders — atuam como cofundadoras das startups, essa é uma opção que mitiga os riscos tanto para empreendedores quanto investidores e garante ótimos resultados financeiros no médio-longo prazo.
3. Investimento-anjo
O investimento-anjo também é uma excelente oportunidade para quem quer investir em startups de estágio inicial, contudo esse modelo de investimento vai além do capital: os anjos são pessoas que contribuem com as startups estrategicamente, como grandes mentores, oferecendo conhecimento de mercado ou da solução desenvolvida e networking para que o negócio cresça.
Aqui, o investidor pode acompanhar o desenvolvimento da solução e oferecer ajuda (não apenas financeira) aos empreendedores sempre que necessário. A FCJ Venture Builder oferece um curso específico para quem quer se tornar um investidor-anjo. Vale a pena conferir!
4. Investimento seed
O investimento semente, como o nome sugere, é outra opção de investimento em startups ainda em estágio inicial, mas que está acima do investimento-anjo, por exemplo. Esse tipo de investimento, geralmente, é feito para consolidar ainda mais as bases da startup, organizando toda a operação, e preparando-a para investimentos realizados por fundos de venture capital.
5. Investimento séries A, B e C
Indo da Série A até a Série E, esses investimentos são feitos para que a startup, já mais madura, escale. O Série A, por exemplo, geralmente é utilizado para otimizar bases de usuários e até para dimensionar a entrada em outros mercados, enquanto o Série C tem como objetivo internacionalizar a startup ou até mesmo adquirir novas companhias.
Entenda que esse tipo de investimento é como subir um lance de escadas, que pode ir da Série A à F, e o número de startups subindo de nível fica cada vez menor. Além disso, esses investimentos são feitos por investidores institucionais, que não são poucos no Brasil.
O investimento em startups tem o potencial de gerar grandes retornos financeiros para o investidor, mas também requer, sobretudo, conhecimento dos riscos dessas operações, como a perda de capital ou até a diluição da participação durante as fases mais avançadas de investimento.
De toda forma, o ideal é que o futuro investidor conte com parceiros experientes no assunto — aceleradoras, venture builders, grupo de anjos — para avançar diante das barreiras burocráticas e prosperar junto às big techs.